Meus amigos e inimigos, despeço-me aqui de vocês. Quando comecei este blog, tinha em mente a postagem de uma série de textos que viriam a ser [ou assim pretendiam] meu futuro romance, The Blackwell Tunes. Tanto assim o é pela experimentação estilística que marcou as primeiras postagens, totalmente inconsequentes nas suas pretensões. Mas a idéia foi crescendo e seguindo uma linha no estilo "olhar perdido de uma crônica anunciada". Falei de pessoas e lugares, da minha cidade e de outras. Falei de mim mesmo, que foi o que penso ser o que mais fiz. E falei do nada, de dias sem nada especial a acontecer, de matérias que arrisquei fazer e de notícias do mundo louco, cada vez mais louco, que está aí, rugindo com a besta do fim dos tempos. Enfim, o blog virou parte de minha vida e, espero, das suas também, meus amigos e inimigos. Mas fatos maiores a minha vontade me arrastaram para outros lados que, agora sei, não convêm mais a este ambiente. Dilacere seu coração e não saberá o que fazer a seguir. Pois este é o estado das coisas, e assim será de forma irreversível na sua própria lógica. Nada é igual depois que muda de alguma forma. Sinto tristeza por estar encerrando esta realidade fragmentária que alimentei por meses na mais absurda indiferença moral, porém não posso ignorar o resultado conquistado. Sou orgulhoso de cada catarse literária atingida. Espero que a sua verdade e o seu tempo tenham significado para alguém além de mim, embora isso não seja fundamental. O ponto é, encerrar as atividades do blog agora é inevitável pelo rumo que minha vida tomou desde junho, fugindo do contexto no qual abrigavam-se a memória e a linguagem aqui depositadas. Obrigado pelos comentários e incentivo recebidos. Abraço para todos e boa sorte. LIVE FOREVER.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
No More Empty Words [Parte Dois]
Ouvindo vozes no caminho da celebração. Ouvindo no caminho vozes da celebração. Ouvindo celebração no caminho das vozes. Nada por lugar. Lugar é nada. Eu sou tu és nós existimos. Existimos... Isso não é um abuso. São os olhares cínicos que me provocam isso. A vontade. A satisfação. A vontade de insatisfação premente vazando pela acidez da rotina. Digo outra vez.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
No More Empty Words [Parte Um]
Sim, eu cheguei perto. Bem mais perto. Tudo era escuro, é o que posso dizer. Ou você se interessaria por mais? Não vale a pena. É como estar morto, mas com os olhos abertos. Você vê e absorve, mas não diz palavra. Porque as palavras vão e vão, até que não exista mais nada. Recorra na memória à sensação de cair num abismo. Mais ou menos assim. A palavra diz, mas não traduz de fato o que a memória quer expressar. É como estar morto. Pronto. Você não entende os mortos até que esteja entre eles. Mesmo com seu corpo funcionando, embora esse seja o único canal de sua existência ao mundo exterior. O corpo é a expressão que falta à palavra, porque está lá, contorcido, irado, quebrado, dilacerado; o corpo não está, na verdade. O corpo, que seja. É um sinal agudo de extravagância em cores opacas. Você que o veja interprete as linhas transparentes nas palavras. Entende? Essa é a conexão. E como um parto, uma vinda inesperada, uma chegada entre nuvens escuras e tempestade, uma ressurreição propriamente, eu pude ver o que antes não enxergava, pude tocar o que antes não sentia, pude ter em mãos o que antes não entendia. Ainda que vacile e deixe resvalar para o chão. Mas não faz mal. O Verbo, como antepasto da iluminação divina, brotou com lisura nas mentes e corações a anunciar-me um princípe caído mas com boas intenções, e todos cerraram os lábios num sorriso quando fiz o que me era original. Pelos becos, para encontrar e saudar os que vinham, de partida. Mesmo os conhecidos, os olhos não me eram traços com algo vulgar: eram familiares, aconchegantes. Eram, percebi, meus próprios olhos. Olhava para dentro de mim, e reconheci alguma coisa. Foi assim que tudo aconteceu. Daí então, em passos largos, cruzei o caminho à maneira de uma casa de espelhos às inversas. Espectro soturno, recuperava um pouco a cada passagem. E embora haja pedaços ainda em alguns lugares, recuperei o essencial por hora. Retornei por fim à consciência na madrugada em que as palavras ficaram por um fio. Retornei. Fim.
terça-feira, 17 de junho de 2008
Off He Goes
Sem idéias.
Sem palavras.
Sem vontade.
Isto termina por enquanto aqui.
Aos que passam, olá e até quem sabe quando.
Sem palavras.
Sem vontade.
Isto termina por enquanto aqui.
Aos que passam, olá e até quem sabe quando.
domingo, 15 de junho de 2008
Life In Technicolor [Epílogo]
Fiz algumas alterações na versão anterior do texto, postada dias atrás e a publiquei em outro sítio, devidamente acompanhada de gravuras e o mais recente clipe, como pode ser conferido aqui.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Step Into My World
A cidade renova-se em planos constantemente. Planos assimétricos, mas que buscam se completar dentro de sua lógica. Observa-se uma avenida em toda sua extensão. Por quantas ruas é cortada? Quantos sinais e faixas de pedestres e pistas que permitam ultrapassagem, além da própria linha que segue, contornando as quadras com pequenas interrupções para retornos. As luzes realçam sombras que a cidade, como espaço pretensamente organizado, não vê. O terreno baldio entre uma loja e um prédio residencial numa área valorizada, as marquises que servem como abrigo para mendigos, os buracos próximos do semáforo, o material de construção espalhado na calçada por vândalos juvenis. Administrar uma cidade é pensá-la em termos presentes e futuros. Como esses problemas passam desapercebidos? Porque se não resolvidos, só tendem ao crescimento em todas as vertentes. Planejamentos estruturais funcionam no macroespaço, mas ignoram o que se sucede em cada esquina. Os projetos não sobrevivem às ruínas do alicerce. E mesmo que as saliências peremptórias da realidade socioeconômica sejam soterradas pela ignorância permissiva, por quanto tempo as metas tracejadas são viáveis? Até onde o futuro pode ser considerado, de forma a nos ser subserviente e restrito pelo o que ditamos agora? Ou as revoluções que vejo não se manterão em pé após serem ignoradas de maneira tão acintosa... A cegueira pública sempre se interpôs no curso da História. E assim a assistimos outra vez.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Past In Present
Revivi o dessasossego de uma lembrança muito distante, que surgiu com tintas obscuras diante de meus olhos. Passava pela porta de um colégio quando aconteceu. Uma criança com olhar triste à espera de alguém para buscá-la. Se essa fosse a única razão de sua expressão desolada, me ofereceria num mundo ideal para deixá-la em casa. Mas senti que havia algo além. Havia devaneios sem nome, uma sensação de cansaço que parece não ter fim... Como vivia nesta idade. Entre o presente muito vivo e estranho e o futuro cercado de uma atmosfera perigosa, em que os rostos conhecidos viravam máscaras de terror. Nunca lidei de maneira satisfatória com esses anseios, e talvez por isso não me eram muito frequentes os questionamentos. Mas o tempo respondeu algumas expectativas, outras não, e a contemplação firmou-se em novos planos, mais profundos como as coisas próprias de cada idade. Só que o rosto daquela criança, retornou tudo. Retornou a mim a sensação de problemas não resolvidos e a certeza de que somos frágeis diante da insurreição do inconsciente, incompreendido sempre. E por todos esses anos já vividos, vou cada vez mais longe nas respostas.
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