terça-feira, 4 de dezembro de 2007

I Bought A Gun, I Kill Myself [Capítulo 1]

Quando eu tocava Dylan, sozinho, achava que o amplificador mudava tudo. Ficava meio impreciso, mas funcionava. Eu olhava para o poster na parede, e era como se ele consentisse. Então ia mais fundo. Cada nota, um crime perpetrado. Ouvia repetidas vezes nos fones para me certificar. Quando a sessão terminava, estava exausto. Queria beber, e nada mais. Mas no terceiro copo, as idéias vinham novamente. Letras arranjadas pela atmosfera, dos que esqueciam a si mesmos nos fundos do bar. O homem silencioso, com o caderno aberto à sua frente. O que quer que fosse, aquilo me dizia respeito também. Mas como poderia chegar a ele? Sem fazer barulho, sem respirar... Em casa, as idéias já não funcionavam da mesma maneira. Ficava com os bolsos amarrotados de passagens a ser trabalhadas, sem ordem. Lembrava do caderno. O que estava escrito, afinal? Pensava nele, pontuando minha insônia, meu estado de ver as coisas, indo longe, muito longe. Como um maldito vidente, embora não entendesse as revelações.

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