Passo as madrugadas assistindo filme. Na solidão, percebo que meu silêncio sempre foi maior que o seu. É possível sentir isso. Tal como a dor inventada que na tela me parece bem familiar. Estive em tantos lugares, conheci muitas pessoas; soube de vidas que não conseguiria suportar. Por duas horas, este mundo é meu, ainda que me escape quando em vez, ao desviar minha atenção: todas as coisas estão no lugar, afinal; a existência é inexorável para o que permanece lá fora. Eu imagino sem jeito como seria o dia ao amanhecer diferente. Mas me sinto preso, limitado pelo o que a estória apresenta. Sem sujeitos vingativos ou garotas francesas confidentes: só as armas na mesa, descarregadas, voltadas para a noite. A voz estranha me lembra um retângulo; os objetos em cena eu os possuí de alguma forma, e assim vou reconstruindo minha memória, com pessoas e coisas que nunca estiveram nela. Como eu, provavelmente.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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