Perdi o contato com muitas pessoas durante a vida. Mais parece que me afasto dos outros que me aproximo, mas o contigente preciso das duas hipóteses não me é preciso. Apenas sei que a sensação de distanciamento é maior. Novas amizades, companhias, o que seja... Isso é raro. Penso muito ultimamente o que me levaria a tal estado de graça inversa com meus pares. Alguns pontos: sinceridade cortante às vezes. Ou alguém gosta de ouvir da boca de terceiros as reais intenções de seus atos, intenções estas escondidas de si próprias? Percebe-se pois então egoísta, mesquinho, mentiroso, invejoso ou cheio de rancor. É como o pus de uma ferida. Sabemos que está lá, e por causar asco, evitemos olhá-lo ou mesmo lembrar de sua existência. O pus de nossas relações sociais está sempe exposto, mas convenientemente deixado de lado. Ademais, desencanto-me com as pessoas. Acabam por fazer coisas que me desagradam ou cansam. Ou eu mesmo as canso ou desagrado. Como seria interessante aos olhos de outrem? Desfilo com congruência e equidade toda a leitura de uma vida, ainda work in progress, as músicas que povoam meu quotidiano, faço-me ouvinte, conselheiro, amigo. Acima de tudo, amigo. Sem significados. A amizade por si já traduz o que almejo dizer. Por que então...? Misteriosamente, o afastamento progide, e sem alento torna-se meu rosto uma imagem estranha para tantas pessoas. E me estranham também. Alguns acabam por fazer coisas completamente improváveis. Reduzem suas falas em uma nota só. Constragem a mim pela forma inócua de convivência, pela maneira como subestimam o que posso oferecer. Mas, por não estar aquém do que me provam, revolto-me, ludibriando-me com o que pensei conhecê-las. Mas o passado resta-se pouco. Muito pouco. Um quase nada ventilado por certas conversas, gestos velados, gratidão ocasional. Por tudo isso sempre chego à mesma conclusão: não conheço muitas pessoas honestas.
sábado, 31 de maio de 2008
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