Tenho inúmeros projetos literários na gaveta. Ou melhor, numa pasta aqui no computador. Falha minha dizer isso, ou quase, já que até pouco tempo atrás eu escrevia tudo à mão, num caderno da faculdade desviado de suas funções. Ao menos do último que me lembro. Escrevi em cadernos e agendas minha vida inteira, e muitos deles estão espalhados por aqui e na casa de meus pais. Às vezes gosto de lê-los e considerar o quão medíocre são meus textos de outrora, principalmente os anteriores aos meus 17 anos. Sim, porque costumo dividir meus textos de acordo com a idade em que os escrevi, ou etapa de estudo em que estava envolvido então: colégio, faculdade, etc. De qualquer forma, nenhum desses projetos foi levado adiante. Preguiça, inércia, incapacidade de desenvolvê-los a meu gosto, seja o que for, não foram adiante. Alguns estão resumidos a poucas linhas de contexto. Para outros, escrevi uma pequena sinopse, de mais ou menos 10 páginas. No fundo, meus pretensos romances já gerariam uma coletânea de contos por si só. E isso, apesar de ser uma brincadeira, não me deixa nada contente. Várias vezes tentei trabalhá-los conforme o planejado. Mas meu poder de sintaxe parece ser muito forte, pois não consigo modelar os capítulos de forma mínima satisfatória. O alcance da linguagem em certo período me parece dizer tudo o que seja relevante, matéria que em outras mãos se transformariam em 20, 30 páginas. Se eu assim fizesse, seria apenas embromação. Escritores que admiro enormemente e que gostaria que escrevessem meus livros: Mario Vargas Llosa, Ian McEwan, Edgard Telles Ribeiro, Milton Hatoum. Logicamente, nunca se dariam a esse trabalho. Ademais, a argila é minha. Quem tem que fazer o vaso sou eu. Renoir não delegou a idéia de seus quadros para outrem. Enfim, essas idéias vaidosamente grandiosas passam pela minha cabeça certos instantes. Quando pego minhas sinopses procurando uma solução, sempre considero a hipótese da coletânea de contos. Mas me incomodo bastante com isso. São muitas idéias par condensar em poucas páginas. Idéias que vislumbrei detalhadas em 200 e poucas páginas, sendo lidas e consideradas por pessoas que realmente as apreciem. Sabe, um livo de contos seria até possível, mas não com estes textos. Eles nasceram para ser grandes. Mas com tantos em mãos e nenhum forte e saudavelmente crescendo, sinto-me como uma mulher na eterna expectativa de ser mãe e perdendo um tempo precioso com tentativas fracassadas. Quero um livro feito pela força e inquietude da juventude, algo que me aproximasse de Rimbaud e tantos que expiaram o mundo na mais tenra idade. Haveria quem enxergasse a realidade através de meus olhos? Leitores meus, seria a glória. A concordância é a antítese que alimenta cada coração voltado à página em branco.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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