Ontem fiz uma longa travessia da cidade. Saí para uma caminhada que poderia não ter volta, partindo pela avenida que tange o rio até a ponte iluminada. Prestava atenção nas pessoas, a maioria mais apressada que eu. Não sentia o cansaço, apenas uma dormência nos braços. Talvez morresse ali, na calçada, talvez fosse desviando dos outros enquanto a bateria do meu mp3 player durasse. Quem dizia o destino era a música. E por mais de uma hora, Radiohead escolhia por mim em que esquina virar. Subi a avenida que vai para o centro, ignorando as horas, o tumulto na parada de ônibus. Perto da estação do metrô, lembrei do show que um amigo havia comentado. Fui até lá. O volume das conversas competia com o som, não conseguia prestar atenção em nada. Apenas no movimento. Ruídos intistintos, o suor dos que avançavam para o palco, possuídos pela música. Uma boa terapia. Minhas pernas tremiam enquanto decidia-me pela volta repentina com as mãos descansando no bolso. Depois do cover que não reconheci qual, voltei para a rua, vendo risos, copos cheios, conversas animadas. Senti-me preso ao meu tempo, não ao meu lugar, e fiquei triste com isso. Meus passos estavam mais lentos, calculados. O centro esvaziava, assim como meus pensamentos. Esperava desligar minha atenção de tudo, restando apenas minha respiração. Àquela altura, a cidade e seus signos não importavam muito, apenas o sentimento de esgotamento e alienação que me levava de volta para casa.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
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