quarta-feira, 30 de abril de 2008

Everybody's Gotta Learn Sometimes

Tento arrancar da cabeça um artigo sobre o último livro de Milton Hatoum há quase um mês. Sinto-me intimidado pela tarefa. Leitor voraz, vejo diante de uma tarefa nova: a de refletir em palavras o que me passa com as leituras feitas. Muito do que o livro transmite ao leitor é matéria subliminar, que revolve sentimentos e lembranças íntimas, jogando nova luz sobre a percepção que temos. Nunca se enxerga o mundo da mesma forma depois que lemos um bom livro. Mesmo os medíocres, que no mínimo acrescentam palavras ao nosso vocabulário. Em conversas informais, já dissertei sobre muitas obras, dando minha interpretação sem a audácia do caráter informativo que um artigo jornalístico impõe. Quem o lê, enxerga aí uma orientação que pode pender para cada lado. O papel fundamentado me retrai de maneira que a colocação cabível me escapa, talvez por haver muitas visões que penso em abordar. Preciso ser mais específico, objetivo, direto. Mas que livro me daria a tarefa de resenhá-lo se coubesse em diretrizes tão enfadonhas e permissivas? Hatoum, com certeza, não seria uma delas. Quem sabe me falte no ato de escrever o profissionalismo amador que o artigo pede e que o livro, ao surgir transbordando no texto, desvia-se do seu reflexo rumo à terceira margem, da imaginação que induz.

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