Tentei listar meus discos preferidos, os livros que falam por mim, os filmes com os quais me identifico; tentei me encontrar em obras de outros. Seria um mosaico de minhas emoções em que faltasse os olhos. Ao cabo de horas, percebi que nada me levava à pretensão marcada. O que essa lista falaria de mim, no final? Seria necessária mesmo? Às vezes tenho essa vontade estranha de me traduzir, colocar pelo avesso o estômago e jogar pra fora tudo o que me corrói aqui dentro. Mas a transgressão enfrenta limites de linguagem, de metalinguagem. De interposição de corpos estranhos. Então a vontade inverte, e me abrigo na distância que proponho entre os discos e livros e filmes. Nunca estarei estampado neles, embora digam sobre quem imagino ser.
sábado, 26 de abril de 2008
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