Acordei me agarrando a qualquer rastro de vida que houvesse por perto. O que alcancei primeiro foi um celular. Estranha a sensação de segurança que um celular desperta. Peguei e fiquei alguns minutos decorando os números gravados na agenda. Seria extremamente libertador apagá-los, ou mesmo livrar-me do celular. Quantas pessoas no mundo teriam tido essa sensação ao mesmo tempo que eu? Quantas pessoas se sentem presas à vida, tentando sempre manter a unidade, quando deveriam despedaçar-se, começando tudo outra vez? Ou quem sabe não começar nada. Apenas mudar. Mudar com a frequência que a vida pede. A repetição gera o hábito. O hábito gera o costume. E o costume nos arrasa, tornando-nos previsíveis e amedrontados. O prazer está em cada nova experiência enfrentada... O prazer está no que exigimos de nós mesmos. Se escapamos disso, viramos inúteis tecnicamente. Lógico, não vemos as coisas desta maneira. Até porque dificilmente nos deparamos com desafios que realmente nos desperte a vontade de enfrentá-los. A maior parte do tempo é só burocracia, insatisfação, incoerência. O que mais poderia haver, pensamos. É só uma questão de nos manter vivos. Por isso gastamos muitas horas por dia trabalhando, pagando contas, comendo, criando os filhos, quando os há. E, no que resta, dormindo. A máquina cansada rejeita novos comandos. O dinheiro, as exigências sociais geradas por ele, os desejos para passamos a converter de acordo com a sua conveniência, isso nos destruiu. Dei-me conta que foi isto o que assustou quando acordei. Alguma imagem abstrata rondava meu incosciente, me atormentando com esta que é a vida antes da existência.
sábado, 24 de maio de 2008
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