sexta-feira, 11 de abril de 2008

Blind

Transitando distante de minhas paisagens habituais, deparei-me com o estranho julgamento que as pessoas, de longe, impunham sobre mim. Olhavam de modo torto, a expressão paralisada, por cada momento que houvesse contato essencial. O que se passava em suas cabeças? Eu respondia avistando lugares invisíveis no céu, onde focava minha atenção. No meu tempo de menino, adivinhava formas nas nuvens. Agora, era como se elas voltassem para suas casas depois de um passeio que antes não teria fim. Lembrei de Bandeira, Quintana, Adélia Prado. Quis decifrar o extraordinário em matéria tão vulgar - ou não seria assim a infância entrando sem avisar no dia de sol que percebi outrora? Mas faltou talento, e sobrou abstrações, em face do amor comedido pela liberdade mais ingênua que vivi.

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