sexta-feira, 4 de abril de 2008

Keep Up

Quando pareço perdido, é porque realmente o estou. Pus os pés na mais clara evidência de desconforto sob a mesa, olhando ao redor, acuado. Mirei longe, lá no rio em enchente, pela janela, pensando em meu prazer. Os dedos coçavam. E como ora eu diria isso na frente de tanta gente? Na frente dessa gente que se ocupa com as menores coisas, as mais insignificantes, mas que estão faladas tanto quanto a cheia do rio. As águas prenhes são o curso de uma viagem que dura horas, na poeira da memória. E a memória duraria tanto? Quem sabe. Ela toma veredas tão estranhas, se desorienta, se contrai, se revela. É o nosso retrato. Às vezes somos confusos de forma que realmente desperta a vontade de saber um pouco mais. Mas quem entraria a saber isso? É muito complicado, é vasto, como as margens a abraçarem cada vez mais terra, a ficarem mais longe entre si, deparando com fastio a nossa indolência em admirar o medo, e pensar satisfeitos que é assim, e por direito. As margens de um rio que ameaça nos comer, devorar todas as plantas e homens. Encarariam o desatino?

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