quarta-feira, 9 de abril de 2008

The City Limit [Parte Um]

O som da guitarra está muito alto. Eu olho para as cabeças pendentes como se entendessem a mensagem, e fico perdido por alguns segundos entre os outros. Calma. É só um show. A guitarra distorcida faz parte do clima. Não se perca. Beber, já naquela hora, não fazia mais sentido. Mas ainda assim eu continuei, transitando entre as pessoas, encontrando amigos, que conversavam gritando no meu ouvido. Eu ouço vozes, mas não sei de quem são. Quando a música chegou ao fim, a seguinte foi anunciada pelo vocalista com um grunhido no microfone. Às vezes eu penso se tudo o que me lembro não passa de uma alucinação. Se não estaria em outro lugar, outro plano, em outra mente? In Rainbows. Sim, eu sei. Não, ainda não. Hoje estava com vontade mesmo de ouvir In Limbo. Não percebem. O novo é o velho transvertido nos suaves tons da revolução tecnológica. Você vai acordar amanhã e não lembrar de mais nada. Até lá, vai ignorar minhas opiniões. Elas não são para divertir. Isso você já tem no palco, nos últimos acordes. Não quer ouvir sobre algo que não esteja aqui. As pessoas. Aqui, buscam uma postura mais rock ‘n’ roll. Surpresa: o rock não existe. Tudo o que vemos aqui não é real. Lógico, não é fácil perceber. Porque quando estamos entretidos demais com o movimento... O raciocínio não pára em ponto algum. Apenas se desloca pelo tempo, no vórtice da beleza sonora. Quantos se sentem transmutados no lirismo selvagem, pulsando o inconsciente inexplorado? Entre o sono e a insônia, o tédio e a loucura, a verdade e a ventura. Um caos que se desloca com a saída para a noite quente.

[Texto escrito em 13 de outubro de 2007]

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