sexta-feira, 13 de junho de 2008

Step Into My World


A cidade renova-se em planos constantemente. Planos assimétricos, mas que buscam se completar dentro de sua lógica. Observa-se uma avenida em toda sua extensão. Por quantas ruas é cortada? Quantos sinais e faixas de pedestres e pistas que permitam ultrapassagem, além da própria linha que segue, contornando as quadras com pequenas interrupções para retornos. As luzes realçam sombras que a cidade, como espaço pretensamente organizado, não vê. O terreno baldio entre uma loja e um prédio residencial numa área valorizada, as marquises que servem como abrigo para mendigos, os buracos próximos do semáforo, o material de construção espalhado na calçada por vândalos juvenis. Administrar uma cidade é pensá-la em termos presentes e futuros. Como esses problemas passam desapercebidos? Porque se não resolvidos, só tendem ao crescimento em todas as vertentes. Planejamentos estruturais funcionam no macroespaço, mas ignoram o que se sucede em cada esquina. Os projetos não sobrevivem às ruínas do alicerce. E mesmo que as saliências peremptórias da realidade socioeconômica sejam soterradas pela ignorância permissiva, por quanto tempo as metas tracejadas são viáveis? Até onde o futuro pode ser considerado, de forma a nos ser subserviente e restrito pelo o que ditamos agora? Ou as revoluções que vejo não se manterão em pé após serem ignoradas de maneira tão acintosa... A cegueira pública sempre se interpôs no curso da História. E assim a assistimos outra vez.

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