quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Try Again

A mesma rotina. Com as mesmas palavras. Para as mesmas pessoas. Onde me canso é minha revolta. Onde retardo é meu retorno. Como sempre, em todas as horas. Por que aqui as coisas caminham desse jeito? Que desolação. Ouço repetidas vezes a mesma música, perfurando meu ouvido. Talvez assim chegue à minha inconsciência e refaça, com notas, os planos que não encorajo. Numa tarde de inverno, cerraria as portas e pronto - jamais colocaria os pés novamente dentro de casa. Viajaria pelo mundo, com apenas uma mala na mão. Um caderno ao alcance, retratando a maldade, a beleza da maldade, a frieza da maldade, límpida e fresca como o sangue a jorrar de inúmeras cicatrizes. Os pés descalços sentindo a terra estrangeira. Pés que não pisariam mais na casa. Apenas o que houvesse do lado de fora. Seria vasta a paisagem, mais vasta que o espaço em que me ocupo. Com as mesmas pessoas. Na mesma rotina.

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